OBAX ANAFISA
OBAX ANAFISA
“Mestre, por sua sabedoria, permita que eu me torne uma grande árvore para que o fatigado possa descansar à minha sombra e seguir sua jornada refrescado, e para que o viajante recupere sua força à sombra de meus ramos”.
GRANT, Joan – O Faraó Alado , traduzido por Elza C. Piacentini, editora Pensamento).
Pairando pelo ar. Talvez um pirilampo, talvez um bem-te-vi, talvez um fantasma, talvez uma fantasia. Mas com certeza nós. Nós com você. Então, torcendo para que queira, lhe digo aceite a obax que lhe ofereço.
Às vezes as coisas são enfadonhas. Às vezes as situações são chatas. Às vezes as pessoas são até suportáveis. Às vezes. Tudo às vezes. Como o sol que se levanta todas as manhãs ou como as manhãs que existem porque o sol surge eu me levanto porque existo ou existo porque sou ação. Penso, logo existo. É uma intertextualidade. É que estou estudando Letras e estou estudando intertexto. Ajo, logo existo. Ou talvez mais correto – Existo, logo ajo… Merda! Estou escrevendo e uma inconha de um alarme começa a berrar atrapalhando minhas idéias. Êpa! Tem um neguinho correndo. Ah! Agora vai atrás um negão. Esperto eles! Sabem que se a polícia chegar conversarão com eles, se é que me entendem, e não com a loirinha que mexeu no portão da faculdade. Aos meus onze anos meu cunhado fez cócegas em minha irmã deixando-a gargalhando. Achei engraçado e o ajudei. Ontem um velhinho gentil colocou o gato olhando para o portão de uma casa para dentro. Os cachorros quase o estraçalharam. O 5º Salão do livro de Ipatinga aconteceu. Muito bom. Com menos diversidade de estandes, mas com a mesma qualidade das anteriores. Voltado para um público infanto-juvenil não deixou de atender ao público adulto. De tudo que tinha lá vi apenas (em questão de quantidade, não de qualidade, pois não vi tudo. Tudo muito bom) a Câmara Jovem de Ipatinga, Casa Laboratório, lançamento de livros (Gu e seu mundo encantado, de Luiza e BeGê; A Chuva e seu Barquinho, de Marília; Filipe e seus barquinhos, de Goretti; O sapinho Lelé, de Mª Aparecida e BeGê), mesa redonda com Paulinho Pedra Azul e Márcio Borges (tudo de bão), a Trupe Maria Farinha (abraços aos meus queridos Babu e Sandra; e obrigado pelos livros que ganhei), no estande do lançador de livros, CLESI, Nena de Castro interviu com o público e Cida Pinho atendeu ao público. Obrigado, Marina pelos livros que ganhei. É o super homem? É um avião? Não! São balas matando. Longe daqui, talvez perto daí, uma mulher reconhece um rapaz que sai e volta matando vários estudantes. Sem a elegância na tragédia japonesa de março o desespero desaba feito tsunami sobre a escola e arredores. (Olha a intertextualidade outra vez). Pairando pelo ar vejo uma conhecida com sua filha e amiguinhas. A menina liga a tv e o bandinho se prepara para brincar no quintal. Desligo a tv e a meninha fica brava. Sua mãe sorri docilmente e com doçura liga a tv deixando o sofá assisti-lo. Em uma casa grande repleta de rabos de escorpiões em dezenas de grupinhos de quatro ou cinco. Quero dizer só se vêem os rabos, os corpos estão debaixo dos móveis. Corpóreo converso com Leila. Ex atriz, ex artista da dança e grande produtora. Dia 16 de abril estarei com outros artistas em Antônio Dias batalhando pela Casa de Cultura. Um escorpião me pica. Quero dizer, só vejo o rabo. O braço está dormente, mas não dói. Tranqüilo, vamos para o pronto socorro. O lugar assusta mais que os escorpiões. Seus funcionários andam e só andam pelos pacientes a espera nos corredores. Meu braço está dormente, mas não sinto a tão falada dor. Tempos. Um médico bonitão olha para os pacientes. Atende a mim me levando para o tratamento: Uma piscina de hidroterapia. Recapitulando: Escorpiões picam e grupinhos falam. Mas o meu braço está apenas dormente, sem dor.
Vou-me embora pairando pelo ar, nós, com você. Estamos contentes pela sua companhia até aqui e digo: espero que tenha visto anafisa? E me despeço.
Escrita entre 17 de março e 13 de abril de 2011.
Rubem Leite – palavras da imagem e também o pirilampo ou fantasia.
Tiago Costa – imagem das palavras e ainda o bem-te-vi ou fantasma.