O Poeta e o Malandro
Por um dia o poeta
A chamou de bela.
E em sonhos eróticos
Trouxe-lhe incensos e velas.
Ofereceu a luz de sua alma,
O frescor da madrugada,
A felicidade engomada,
Em palavras inocentes.
Mas ela preferiu a vaidade
Dos versos sem rimas,
“O sete um” da esquina,
A busca pelas emoções incoerentes.
Com alma arredia escolheu
O forasteiro avarento.
Malandro do morro, do Morro da Penha,
Do Rio de Janeiro, e o nego doido,
Trouxe-lhe lá do bairro da Lapa,
Amor, bijuterias e palavras Sádicas na lapela.
A ele, ela deu um sim…
Apossou-se de suas muambas
E da magia das palavras, não tão românticas
Mas regadas de promessas banhadas a ouro.
Atravessaram a rua, a caminho da esquina do pecado.
Frente à pensão, próximo a travessa Pedro II,
Ela pediu as moças de aruanda que a protegesse.
Enquanto o papa goiaba salivava o desejo da carne fresca.
Na manhã seguinte, ela acordou
Prazerosa e cheia de vida bandida.
Lençóis amassados. E, a cama,
Assim como a alma, ambas vazias.
Já o poeta, acordou com
A síndrome do coração ferido.
Porque o amor não tem um dono.
E tem espinhos. É por esse motivo
Que não faço
Apologia a esse amor romântico
Visto como perfeito.
Mas, observo atentamente
As mazelas do coração, pois lá
Está a essência, esperando
O criador da teoria dos maus tratos.
Lista de premiados do 26º Festival Estadual de Poesia
Lista de Premiados de 2011/2012