às vezes ela vem me visitar

Por Marilia Siqueira Lacerda

Poesia não se compara! É singular, é plural, é única! Poetas, também são plurais e únicos e não se comparam. São poetas! Só que “tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta/ de sol quando acorda/ de flor quando ri”, “…tem cheiro de cafuné sem pressa”. Não é todo dia que temos a oportunidade de ler um poeta que é fruição pura, que colhe do cotidiano poesia pra lá de bonita e, simplesmente, não pensar nos versos de Drummond. Afinal, “ao lado delas, a gente se sente/no balanço de uma rede/que dança gostoso numa tarde grande,/sem relógio e sem agenda.” Consequentemente, traduzir em palavras o poeta Marcelo Rocha, é falar de gente que tem poesia na alma e encantamento inexplicável nos versos. Desde que o conheci, ainda poeta-menino, tenho tido o privilégio de viajar por seus escritos, e em “às vezes ela vem me visitar”, reforço minha convicção do quanto o sentimento da poesia deriva de certa pureza indefinível do olhar. E por mais que eu busque formas para me expressar só me veem à mente Almas Perfumadas, que personifica, literalmente, o menino-poeta que conheci quase por acaso, no início de dois mil e dois. Ocasião em que sua poesia me provocou encantamento, através do “Amor Amora”, e me levou a ficar ali, dias e dias, lendo-o e relendo-o, totalmente seduzida! Desde então, eu não sei dizer se foram surpresas ou constatações que fizeram da palavra encantamento minha predileta ao falar de sua produção poética. – Certamente, com ênfase de quem tem autoridade para espalhar, aos quatro e outros tantos ventos, toda a poesia que me chega do menino-grande-poeta! Para mim, poesia está no máximo do mínimo. Aprecio o texto limpo. Gosto da leveza, da fruição no dizer das coisas. Com isso ratifico que vivo a poesia, não apenas como algo fragmentado, mas como uma verdade plural! – Se é que se pode dizer de verdades quando se fala de poesia, ou ao contrário, quando se sente poesia – é claro! Este sentimento tomou mais força dentro de mim, quando li os versos com os quais Marcelo abre o “às vezes ela vem me visitar”: – “naquele tempo/ a vida da gente era uma ruazinha de barro/ esperando a chegada do asfalto/ uma casa pintada de azul/ rodeada de árvores…”. Sentimento este, que veio carregadinho da certeza de que a gente nasce com a poesia correndo nas veias. E, sem pouso final, nos guia pela leveza e brejeirice da poética de Marcelo, que nos chega impregnada de alma: “coisa pra lá de bonita” com “a felicidade desenhando gargalhadas”, revelando sentimentos, quando a partida do filho “deixou a alegria/ uma semana sem cantar roberto carlos/ debaixo do chuveiro”, fazendo “um cafuné no coração do vento” para registrar coisa mais bela ainda, quando em “da coragem de blusa aberta” diz que “sem medo de errar o destino/ saiu rasgando o vento/ pois sabia que a coragem/ é rio que corre pro peixe mais bonito” ou ainda “…por falar em mundo/ foi na cacunda de um livro/ que a meninice despaginou continentes/ de maneira muito bonita/ feito verde que a árvore/ desmancha na fala do vento”. Dizer mais o que? Que Marcelo Rocha, “num tempo enfeitado de azul”, está entre os meus poetas preferidos e que nos doa sua poesia “pra beijar o(s) janeiro(s) da gente”!

Autor: Marcelo Rocha
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